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A saga trágica dos camponeses

05/12/2023 11:49

PAULO ADEMIR BRAUN


Não precisa ser herói para lutar pela terra, porque quando a fome dói, qualquer homem entra em guerra. D. R. L.

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A saga trágica dos camponeses

4 fatos que pintam o retrato desta vida inglória. Dos que plantam na terra sua história, e dela colher algo pra comer e sobreviver. Mas estas mesmas terras engorda a ganância do latifundiário e por consequência amplia a sesmaria. Lutifundiario é um sujeito precário que aumenta a falta de alimento, sustentando o erro de que a terra é para plantar o que der pra ganhar dinheiro. É difícil aceitar que essa cultura de cultivar o desejo do lucro, possa matar de fome, metade dos que se dedicam a plantar. Em toda a história, os agricultores foram vítimas de agressão. Agora não. Pela melhora do feno ou o excesso de veneno  tem brotado o ódio junto a plantação.

Minha sina campesina é uma revolta torta contra a agricultura e a domesticação. Não sei se é sina essa minha ligação com as tragédias campesinas. Eu nasci no extremo sudoeste do Paraná, em 1966, talvez sobrevivi porque em 1957 a revolta dos posseiros, a única revolta da história, onde os camponeses venceram as forças de opressão, aconteceu bem ali. Esse fato tem ligação com a guerra do contestado. A guerra do contestado tinha uma distorção, pois a alegação era a demarcação da divisa entre Paraná e Santa Catarina. Na verdade a população que morreu defendeu a recuperação das suas terras ocupadas na contrução da estrada de ferro, que cruzou Santa Catarina. A população que morreu, defendeu o seu pedaço de chão.

Meu filho morou e fez mestrado em Heilbronn na Alemanha. Na cidade de Heilbronn em maio de 1525, os camponeses se  reuniram para um protesto que logo se espalhou pelo centro europeu. Os camponeses pediam melhores condições de trabalho. Nesta época as terras pertenciam a Princepes, bispos e  burgueses. Os agricultores eram meeiros, quando trabalhavam nas terras dos bispos. Quando não, teriam que pagar mais 10% da sua parte da produção, o do dízimo a igreja. A economia girava em torno da agricultura. No dia 15 de maio, na cidade de Frankenhausen, aproximadamente 10 mil camponeses foram mortos por soldados dos nobres. Mais de 100 mil agricultores, um terço do total, foram mortos na revolta de 1524/25. Nenhuma reinvindicação foi atendida e acabaram com mais dividas.

Hoje eu moro em Clervaux, a 300 metros do monumento kleppelkrich. Esse monumento é em memória aos agricultores do Luxemburgo que se revoltaram contra a obrigação de se alistarem no exército de Napoleão. No dia 30 de outubro de 1798, os camponeses do Luxemburgo se reuniram em Clervaux e foram dizimados por soldados do exército napoleônico. 3 soldados que faziam patrulha na cidade de Asselborn, foram surpreendido por camponeses sobreviventes, e 2 soldados morreram. Esse episódio, 'Asselborn Affaire', levou outros 35 agricultores ao fuzilamento e 25 a prisão, condenados por um tribunal militar.

 A agricultura é considerado a maior revolução da história da humanidade. Ingenuidade. A agricultura domesticou plantas, animais e homens. Perdemos a liberdade de ser nômades. Não conseguimos diminuir a dor e o sofrimento. Hoje metade dos que plantam passam fome.





Ademir