Tudo gira em torno do dinheiro, do marketing, da “marca pessoal”. Na Argentina, o futebol ainda é identidade. É suor. É entrega total.
Brasil: Salão de Beleza. Argentina: Campo de Guerra
De um lado, espelho e vaidade. Do outro, suor, raça e amor à pátria.
Por Junior Aurélio Vieira de Oliveira – Artigo de opinião
Todo mundo está falando. Não se comenta outra coisa no país e na internet: a goleada de 4x1 que o Brasil levou da Argentina em Buenos Aires. E sejamos sinceros: o único gol brasileiro nasceu de um erro individual do zagueiro argentino Cristian Romero. Matheus Cunha aproveitou e fez. Foi um presente — não mérito da nossa seleção.
Do outro lado, mesmo sem nomes como Messi e Lautaro Martínez, a Argentina mostrou que o futebol deles está num outro nível. Gols de Julián Álvarez, Enzo Fernández, Alexis Mac Allister e Giuliano Simeone. Sem firula, sem vaidade. Só bola e entrega. Eles jogaram com alma. A gente, como bonecos de vitrine.
Mas mais do que analisar o jogo em si — mal escalado, com um meio-campo que virou avenida para o baile argentino —, é importante olhar o cenário mais amplo: o momento do futebol nos dois países. A Argentina entra em campo como quem entra numa guerra. O Brasil? Parece que vai gravar um clipe.
Enquanto nossos jogadores surgem cheios de marra, com cabelos descoloridos, tatuagens do pescoço ao tornozelo, brincos, poses e um ego maior que o Maracanã, os argentinos vão de corpo e alma. Lá não tem passarela, tem batalha. Lá o futebol ainda é pátria.
E é isso que escancara tudo. Não é só uma derrota. É um retrato cultural. E eu convido você a olhar para o nosso próprio quintal. Estamos aqui na fronteira. De um lado, Santo Antonio do Sudoeste, Brasil. Do outro, Santo Antônio, Misiones, Argentina.
Do lado de lá, os clubes correm atrás de patrocínio, fazem vaquinha, vendem rifa, se organizam, pagam até a arbitragem e os campos estão lotados todos os domingos. O futebol acontece porque há paixão. De verdade. Aqui, mesmo com todo apoio público — bolas, uniformes, transporte, arbitragem, seguranças, premiação —, o esporte só acontece se tiver dinheiro envolvido. E, muitas vezes, nem isso é suficiente pra encher arquibancada.
A diferença é cultural. É mentalidade. No Brasil, o esporte virou comércio. Virou vaidade. Tudo gira em torno do dinheiro, do marketing, da “marca pessoal”. Na Argentina, o futebol ainda é identidade. É suor. É entrega total.
O 4x1 de ontem foi um espelho cruel. Um tapa na cara. Duro de encarar, mas necessário. E sabe o que dói mais? É que o Brasil tem talento. Tem estrutura. Mas falta alma. Falta postura. Falta quem jogue por amor à camisa.
Eu, da minha geração, tive o privilégio de ver o Brasil levantar a taça da Copa do Mundo em 1994 e 2002. Mas, sinceramente, olhando para o caminho que estamos trilhando — com falta de compromisso, seriedade e vergonha —, duvido que meus filhos tenham a mesma chance.
Porque o problema não é só perder pra Argentina.
É perder o que um dia fez a gente ser temido no mundo: o amor por essa camisa.
“Isso é uma vergonha!”, como dizia o Boris Casoy.
Mas não é só indignação. É amor. Eu amo a minha pátria e respeito essa camisa que já nos fez sonhar, vibrar e chorar de emoção.
É justamente por isso que falo com firmeza: porque me dói ver o que o Brasil está se tornando dentro de campo.
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