Deusas

Crenças, narrativas e ilusões

Themis, deusa grega, filha de Urano e Gaia. É a personificação da justiça divina e guardiã das leis imutáveis do universo. Majestosa e imparcial. É retratada segurando uma balança, símbolo do equilíbrio e imparcialidade, e uma espada, símbolo de autoridade. Para os gregos, principalmente Aristóteles, a justiça não está nem na carência e nem no excesso, está no equilíbrio destes. Divino: carência e excesso só podem ser medidos na realidade. A justiça é toda ação humana que chega a perfeição. Aristóteles definiu a justiça com o verbo Dar. Tirar de quem tem em excesso e dar a quem tem carência. Aristóteles foi exilado. Hoje é odiado.

Na sequência, veio o império romano e os romanos que não eram de filosofar, copiaram literalmente Aristóteles, e assim definiram justiça no código de direito romano: justiça é Dar a cada um o que é seu. O direito romano deu suporte a um regime escravocrata até o império romano ser absorvido pelo catolicismo. O imperador passou a ser o Papa. Os senadores, bispos. Os soldados agora são os missionários que conquistam almas... e o direito romano virou direito canônico.

Com o catolicismo, veio o sistema feudal e os 'pensadores' do direito assim definiram a justiça: se um tem e o outro não, é porque Deus Quis assim. A justiça se definiu sobre o Querer divino. Estes pensadores passaram a ser louvados e viraram Santos. E o povo (servo)? Conformado.

O deus católico não conseguiu unanimidade e o catolicismo e outras crenças vão sendo absorvidos pelo capitalismo. Uma religião que Tem um deus mais querido: Dinheiro, Money... A justiça perdeu seu efeito e agora é confundida com Direito. Direito de posse, no caso. Todo o aparato judiciário do estado sustenta e defende a propriedade, privada. E o povo? Coitado! A justiça passou a ser identificada pelo verbo Ter.

Os mitos servem para o povo se iludir e sobreviver. Como é confortável conseguir dormir e sonhar com Themis. A justiça (Themis) é filha do Céu e da Terra, nasceu e caminha sozinha. Foi personificada em uma mulher linda. Já a injustiça não nasce e nem caminha sozinha. Depende dos deuses, imperadores... e homens.

Eu fui a Alcalá de Henares fazer uma visita a Cervantes, um sujeito iludido. Topei com Dom Quixote desiludido de lutar contra as injustiças. Me convenceu que as injustiças são gigantes, que os moinhos de ventos não são miragens, e por ironia a justiça é que é utopia.

Até agora eu falava dos deuses inventados pelo homem e suas narrativas de justiça para nos conformar. Agora eu passo a falar do deus criado pelo homem, para nos dominar, conformar e executar. O supremo Algoritmo. A IA falará por mim. Descanse em paz. Amém!

Eu vivo no mundo da lua. A Lua é minha deusa preferida. A Lua sempre foi uma deusa que rondou a Terra e tem a sua influência por aqui. A Lua ou Cynthia (donzela, mãe e anciã), representando os ciclos da vida, era adorada pelos celtas. Sintra, Portugal é sua cidade natal e mora no castelo Mouro. Naia, uma índia que sonhou virar estrela. Quando encontro a lua, no rio, se jogou e se afogou. Ali nasceu a vitória régia, criada por Jacy (lua), a deusa Tupi Guarani, que desiludida com o amor, chorou tanto, até que com a água das suas lágrimas se formou o rio Amazonas.

Deus bom é o Deus da esperança, que não cansa.