O Último Enforcado

Azarado é ser sorteado pra pagar o pecado da hipocrisia.

O Último Enforcado 

Quando jesus nasceu Trier já tinha 16 anos.  Trier é fenomenal e não tem nada igual. Trier é uma cidade bela, nasceu, quase  desapareceu e ressurgiu as margens do Rio Mosela. Jesus não nasceu mas o cristianismo ressuscitou em Trier, no ano 313. Trier é a cidade mais antiga da Alemanha. Trier está a 13 km de luxemburgo. 

Quase tudo o que me afeta nasceu em Trier. Na biblioteca de Trier está o registro de nascimento ou o primeiro registro de personificação do demônio, segundo Edin Sued, professor da PUC-SP, datado das proximidades do ano 800. Mil anos depois, nasce em Trier Karl Marx, pai do anticapitalismo. O maior pensador de esquerda. Na mesma época, também em Trier nasceu Michael Zimmer, meu pentavô. Por coincidência tinha o mesmo nome do paí de Mathias Zimmer, que também nasceu em Trier e foi o último condenado a foca, no Luxemburgo. Mathias Zimmer nasceu e viveu ou sobreviveu no interior de Trier. Era o filho mais novo de Michel Zimmer e Maria Grell que faleceram quando ele ainda era criança.  As circunstâncias e a dura lida fizeram dele um sujeito meio selvagem. De coragem, mas sem formação ou orientação sobreviveu a força. Se tornou um sujeito forte e a procura de trabalho imigrou aqui para luxemburgo. Conseguiu trabalho de campo, sobre as ordens do Fazendeiro Georg Klein, em Madernach. Era versátil a várias funções. Da lavoura a construção, principalmente telhado era onde melhor apresentava a sua habilidade. 

A dura lida lhe forjou um bom porte físico. De 'boa aparência', pela 'branca' e cabelos 'claros' despertou o interesse e se casou, com Elizabeth Troisel, a filha mais nova da casa Goebels. A nata da burguesia. Foi uma ousadia. A família não aceitou, ainda mais por não ter moradia, foi morar junto com a família, que lhe acusava de incompetente e fracassado. Precisando ganhar mais(discriminacao financeira independe da cor), pediu demissão para o antigo patrão e foi trabalhar como diarista autônomo. Sob pressão mental e mortal acabou roubando um clérigo irmão do seu antigo patrão que voltou fugitivo da França, trazendo consigo objetos em ouro e moedas de valor. A missa do domingo lhe deu a oportunidade de na ausência de todos, praticar o roubo. Mas a sua inocência descomunal o transformou num ladrão ocasional sem êxito. Devolveu o produto do roubo e foi perdoado pelo clérigo. Mas não foi o suficiente para livrar da maldade de 'gente boa' e nem livra-lo da 'justa justiça'. Lhe atribuíram, sem sustentação, roubo de pão da padaria Sas em Trier. Mas a confissão do roubo do clérigo foi o suficiente para levá-lo a prisão e daí a condenação. 

Ficou detido por mais de 3 meses nos porões do castelo de Feuls (hoje La Rochette, a cidade mais portuguesa de Luxemburgo. 2/3 da população tem origem portuguesa). 2 de agosto de 1793 foi o dia do enforcamento. Um dos acontecimentos de maior presença. Inclusive a esposa do condenado, grávida e com um filho no colo, também foi assistir. Um acontecimento forjado pra ser exemplar. O condenado deveria ficar na forca até a decomposição. Um cunhado e um amigo lhe providenciaram um sepultamento clandestino, em uma noite escura. 2 anos depois o departamento de florestas aboliu  a punição por enforcamento.

O casal Mahtias Zimmer e Elizabeth Troisel tiveram 4 filhos. Dois faleceram antes do paí. Theodor e Johann,  os mais  novos sobreviveram. Theodor teve 2 filhos; Mathias que casou com Maria Flammang, mudaram para a região do Osling( onde eu moro) e daqui migraram para a América. Johann que por coincidência tem o mesmo nome do meu antepassado migrante, casou com Elizabeth Flammang e também migrou para a América. Johann casou com Anna Thoma, tiveram 3 filhos, 2 meninas faleceram e o Andreas o filho mais novo casou com Elizabeth khirsch e permaneceu em Luxemburgo.