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Quilmes Pilsen

09/07/2023 10:09

PAULO ADEMIR BRAUN


Shakespeare diria, veja: Ser ou não Serveja. Uma dúvida existencial.

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                                                     Quilmes Pilsen

Eu me crie na fronteira da Argentina. Linha são Mateus, Santo Antônio do sudoeste. Único trecho de fronteira seca, entre Brasil e Argentina. Cheguei em 1972, no auge da ditadura. A fronteira alí era uma cortina de ferro imaginária. Não havia comércio legal entre os dois países. Tinha o contrabando, que era uma atividade bem 'legal. Alí era o centro deste universo. Do nosso lado tinha várias bodegas, e na Argentina, linha Telinha, várias cantinas.

Foi um tempo glorioso para esse lugar e minha juventude, até 1985, quando fui embora. De lá pra cá as cantinas foram diminuído. Bodegas já não existem mais. Sinais do cerco do tempo, que vai diminuindo tudo, até nos imobilizar. Mesmo afastado, deste lugar iluminado, sempre tive a felicidade de poder voltar pra comemorar, em geral os finais de ano. No calor do verão e do reencontro com os amigos, a cerveja Quilmes Pilsen, por na época ser a única que vinha no litrão, era a que aliviava a situação. Virou minha paixão. Sempre que a sede e saudade aperta, é dela que eu lembro.

Em uma viagem ao norte da Argentina, provincia de Tucuman, fiquei sabendo e fui conhecer as ruínas da cidade, onde viveu os indios da tribo do povo Quilmes(entre morros). Eram um povo pacífico. Nos anos de 1500, por alguns anos, foram anexados ao império inca. Poucos anos depois foram libertados para seguir sua cultura e religiosidade. Lugar magnífico, misterioso, cheio de lendas e história. Uma espécie de Machu Picchu. No século xvii, não resistiram a invasão espanhola. Os sobreviventes foram transferidos a pé, para uma redução a 1350 km, nos arredores de Buenos Aires, onde a cervejaria instalou a fábrica e usou o nome, ao tempo que o povo desapareceu.

No final do ano de 2021, fui com a família a República Tcheca. Pra minha surpresa encontrei a cidade de Pilsen, onde foi fabricado a primeira cerveja Lager e que leva o nome de Pilsen em reverência a sua origem. Tive a oportunidade de visitar a fábrica da cerveja Pilsner Urquell(fonte da origem). Foi a pioneira e ainda continua produzindo essa preciosidade. Ter o prazer de prová-la sem filtragem, da mesma forma que se tomava a quase 200 anos, foi sensacional. Em Pilsen, estava o exército aliado, sob a liderança do general Jorge Patton, no dia da rendição dos nazistas. Nada mais apropriado que estar na Bohemia, para comemorar o final da segunda guerra mundial, com muita cerveja Pilsen.

Por coincidência hoje eu moro na fronteira da Bélgica, a cerca de 20 km do local onde aconteceu o primeiro enfrentamento dos nazistas contra o exército americano e aliados na segunda guerra mundial, o Cerco de Bastogne. Esse foi um encontro sangrento, e que ninguém espera que aconteça novamente. Ao contrário a Quilmes Pilsen, celebra 'o prazer do reencontro. Já Pilsner Urquell, tem o 'aperfeissoamento do paladar ao passar do tempo'. Então bem aventurados são os que bebem: Esses verão a Deus, duas vezes. Filosofia com alegria, só bebendo. O copo meio vazio é igual a folha em branco: Inquieta a alma do poeta. A bebedeira é só uma brincadeira com a afronteira deradeira, que nos embriaga com a ilusão que o tempo não vai fechar a conta. Na República Tcheca, eu bebia pra esquentar. Geralmente eu bebo pra refrescar, ou esquecer. Sei lá...





Ademir