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Sobre os reis magros.

18/07/2024 07:36

PAULO ADEMIR BRAUN


Produzir, produzir, produzir... Assim falou o profeta Pablo Marçal: o trabalho é o maior direito social.

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Sobre os reis magros

John Cockerill era inglês de nascimento. Em 1802 migrou para a Bélgica aos 12 anos, com os pais e um irmão mais novo. Se estabeleceram em Viervers, na região de Liege. Com 17 anos, assumiu a direção de uma fábrica em Liege. Aos 23 anos, se casou com Jeanne Pastor, e assumiu a direção do conglomerado de empresas da família. Tinha várias empresas na Bélgica, França e Alemanha. Também era proprietário de Minas. Foi fundador do banco da Bélgica. Suas empresas produziam motores para fiação e também motores de barcos e navios. Produziu as primeiras locomotivas da Europa continental. E com elas a necessidade de produzir e vender trilhos, para ferrovias, que se transformou em um dos seu principais produtos de vendas, já que era proprietário de metalúrgicas. Produzia fio e lã, tecidos, linho e papel. Mas o forte era produzir ferro e aço.

Teve como sócio Guilherme I, Rei da Holanda. E aqui tem o encontro mais significativo da sua existência. Sonhar junto com o Rei, uma rota navegavel, que ligasse no topo da colina, as bacias do Mosela e do Mosa. Obra inacabada e abandonada. Esse foi o seu mais precioso sonho. Foi o seu maior tesouro, que se encontra enterrado na fronteira com luxemburgo, já que não deixou descendentes e morreu falido, aos 49 anos. Com uma dívida de 26 milhões de francos. Pior do que o sacrifício perdido, a dívida, e a morte prematura, a metalúrgica pioneira, criado pelo desejo de progresso, hoje é uma indústria bélica, que produz armas e tanques de guerra. Mesmo que a empresa trocou de mãos, Hoje, John Cockerill é sinônimo de destruição. Uma vida de sacrifício em vão. Triste fim. Mas o seu legado ainda não chegou ao fim e ao fundo. Continua causando destruição a humanidade. O senhor John Cockerill, foi um empreendedor fabuloso. Do que sei sobre ele, era um homem de excelência, mas as consequências dos seus atos são exemplos de contribuição para o fim da humanidade. O maior empreendimento na vida é a construção da vida ou produzir vida, ou no mínimo se reproduzir ou repor a própria vida herdada do universo. Muito mais que um devedor financeiro, morreu como um devedor da existência.

John Cockerill é um sujeito que deu errado, mas coitado é o sujeito precarizado e convencido ou ideologizado, embalado como um empreendedor de si mesmo e se vende como mercadoria ou ferramenta que vai produzir lucro. Escorrega no cascalho quem não sabe que o trabalho remunerada o capital, não o trabalhador. Essa dor vai continuar até a sociedade se concientizar que todos precisam trabalhar e participar da colheita dos frutos do trabalho.

Profeta do arrependimento eu sou um coach ultrapassado. Cansado de criticar a teologia da prosperidade e a desilusão com a nação que acredita nos profetas da teologia da dominação. A ideologia de amar o trabalho é uma doutrinação ou é para mascarar a exploração. Na história da humanidade o trabalho sempre esteve ligado a dois problema: necessidade e sofrimento. Tanto que trabalho vem de tripalium, três paus, instrumento de tortura.

A sentença da servidão vem com a conformação da condição de trabalhador dependente, em uma sociedade capitalista. Você é vítima, sujeito a exclusão se não se enquadrar e trabalhar a exaustão. Sem a ilusão e o desenganado seu patrão vai ser um tirando. Vai decidir quanto você vale. A hora de começar e de parar . A roupa que você veste e onde vai trabalhar, quando e como. Também a hora que você come, mas te dará a liberdade pra optar por morrer de fome. A 'evolução' ganhou um plus e agora tudo se reduz a desempenho ou a fechar meta. E o trabalhador acha isso normal, pois não tem tempo e nem condições pra ler e entender o jornal. Só tem o conforto que rico não vai pro céu e justo é ganhar o sustento com o suor do seu rosto.

O trabalhador e o empreendedor são sagrados, mas tem algo errado quando 97% dos que nascem pobres morrem pobres e 93% dos que nascem ricos morrem ricos.

 

 





Ademir