18/02/2024 12:18
O Superagui como eu vi.
Toca da Cataia
Eu sou de estrada e distância. Vivo pela ânsia de ir além. E a constância de perceber que a vida se faz acontecer em movimento. Nestes tempos que ninguém mais consegue acompanhar a velocidade da tecnologia, a minha alegria foi encontrar um lugar parado como se fosse um retrato guardado num álbum de fotografia.
Eu conheço a costa Sul Americana pelos dois lados. Da Patagônia até o parque Darien, e só não fui Além porque a prepotência e arrogância militar não me deixou passar. Ali no Panamá são os norte americanos. Tanto faz, prepotência militar é igual em qualquer lugar. É da cultura. Essa estrutura é que precisamos acabar.
Muita gente já foi ao Jardim Botânico de Curitiba, mas nunca foram ao Superagui. Os ecologistas de almofadinha. No Jardim Botânico de Curitiba existe uma organização segundo os padrões humanos. No Superagui existe a organização da natureza. Está lá a bilhões de anos. Se o Jardim Botânico for abandonado por 30 dias, a natureza impõe sua ordem.
Eu já percorri a costa atlântica de Cartagena a Patagônia. E só não passei por ali. O Superagui é magestoso e imponente. Tão grandioso que não permite que a rodovia passe no seu espaço. É um paraíso inviolável. Não conhecer esse lugar, é perder a oportunidade de ter a satisfação de conviver com a pura preservação. O Superagui é uma reserva da biosfera, declarada pela Unesco. Declarado patrimônio natural da humanidade, também pela Unesco. Hábitat do papagaio de cara roxa e do mico leão de cara preta. É preciso ir lá pra ver.
A poucos dias tive a grata oportunidade de ir até lá, e me hospedar na pousada Toca da Cataia (41 991651674). Puruquara, Guaraqueçaba. Uma boa pescaria e uma caminhada na chuva e descalço, pela vila onde vivem bem, 40 habitantes, foi como voltar ao mais distante passado ao encontrar um campo mesclado de grama, areia e terrão. Do lado uma associação e uma igreja pra quem deseja mais que o paraíso.
A Toca Da Cataia é uma pousada autêntica, admistrada pelo meu amigo Luciano, que também é guia de pescaria. O restaurante é artesanal e não conheci nada igual. Cozinha diferenciada, de excelência trabalhada e temperada com produtos locais. Chefiado pela Gorda, que por sinal é magra. O cardápio é baseado em frutos do mar, natural e regional. Realmente é uma viagem. Uma experiência diferente. Pouquíssimos lugares do mundo nos dão esse privilégio. Valeu demais.
Com certeza eu gosto muito da natureza. Mas me encanto mesmo é com gente e suas histórias. E de presente ouvi uma história surpreendente. A Gorda, que é maaaagra, na verdade tem o nome de Lieser Ana Witt, nos contou que sua mãe mocinha, conheceu um Dom Juan falsário que usava documentos falsos. Fez a mãe criar uma divergência com a família e foi conviver com ele, até que teve duas filhas. Assim ele se foi deixando as três com sobrenome que nem alas sabem porque tem. Fiquei impressionado e pensando na situação de viver sem saber bem de onde vem. A história é muito mais linda, mas não dá pra escrever novela nesse espaço. Aquele abraço.