Turmas escolares são fechadas em Santo Antonio do Sudoeste e preocupa pais e educadores

"Todo mundo foi "pego" de surpresa, a gente não sabia que as turmas iriam fechar"

Na última semana, muitos pais e professores entraram em contato com nossa equipe de jornalismo para relatar o que está acontecendo em algumas escolas da rede municipal. Muitos estão indignados e não sabem como agir diante dessa situação.

Em conversa com um dos pais foi dito: "Meu/minha filho(a), estudava à tarde, recebemos um comunicado na última segunda-feira (13) informando que ele(a) seria transferido para o período da manhã a partir de quarta-feira (15). Em um prazo de dois dias, por meio de um comunicado, tínhamos que organizar quem cuidaria do(a) nosso(a) filho(a) em casa durante o período em que ele(a) não estaria na escola e qual transporte usaríamos. Procurei a administração da escola e a secretaria de educação e a resposta foi unânime, dizendo que as aulas da manhã tinham déficit de alunos e que, devido à classificação dos professores, a turma da tarde seria dissolvida e os alunos seriam divididos entre as turmas da manhã. Ambas as turmas da tarde estavam completas, ou seja, com o número mínimo de alunos para continuar, mas as turmas da manhã, devido a muitas transferências, precisavam ser preenchidas. Quando perguntei por que não uniram as turmas da manhã em vez de transferir as turmas da tarde, justificaram que os professores da manhã pegavam aulas na frente da professora da tarde, logo, por lei as da manhã não poderiam perder suas turmas e a da tarde, como seria uma das últimas, deveria começar por ela".

"Outro erro que foi frisado é que a escola garante a vaga, não o turno, mas os pais que chegaram muito depois de mim, ficaram na turma da tarde, porque seus filhos estavam na outra turma. A lógica é que os primeiros a chegar devem estar na primeira turma, quando a primeira turma estivesse completa, eles devem formar a segunda turma, mas isso não aconteceu. A turma que fechou foi o 3° ano "D". Como fui uma dos(as) primeiros(as) a fazer a rematrícula, ele(a) deveria estar na primeira turma. Pais que chegaram mais tarde na escola, ficaram no 3° ano C, e consequentemente garantiram a vaga de seus filhos para a tarde no período da tarde. Quando os pais matriculam seus filhos, eles analisam tudo: a escola, o transporte, quem cuidará da criança, tudo está alinhado de acordo com a matrícula, então, de repente, eles nos informam por meio de um comunicado que seus filhos mudarão de turno. E então as perguntas surgem: Quem cuidará dessas crianças durante o turno oposto? Se não conseguirmos encontrar transporte, o que faremos? Por que eles não convocaram uma reunião com os pais? Estamos falando de crianças, ou seja, menores e incapazes de cuidarem de si, porém é a minha realidade neste momento, devido a mudança de turno não tenho com quem deixar. Eles poderiam ter feito, ter dado a opção dos pais de quem gostaria de mudar de turno e se assim mesmo não quisessem, poderiam ter transferido os últimos que fizeram a matrícula. Fui atrás da van para o turno imposto pela escola, não tinha mais vaga. Outra questão, no bilhete eles foram categóricos quando disseram o seguinte: "Caso esse horário não seja adequado, poderemos estar transferindo seu filho(a) de escola", como se nossos filhos fossem objetos.”

Em desabafo, um professor deixou seu depoimento dizendo: “Todo mundo foi "pego" de surpresa, a gente não sabia que as turmas iriam fechar, que até então elas estavam no quadro de distribuição, cada um escolheu o que queria e depois teve professores que tiveram que largar as turmas e escolher outras ou até mesmo ir para outra escola, superlotou as salas de aulas, é muito aluno e a gente não consegue dar conta, muitas vezes não conseguimos corrigir o caderno das crianças da forma correta como seria. Todo mundo saiu prejudicado, tanto os pais que ficaram na fila horas para pegar vaga para seu filho, principalmente à tarde que é o que os pais mais precisam. Todo mundo ficou super chateado, triste".

Um dos pais continuou: "Foi revoltante, porque é algo que não esperávamos e que quando você escolhe uma turma para ficar o ano, você não pega ela pensando que vai perder essa turma, foi uma frustração bem grande, por conta dos professores: pela quantidade de alunos nas salas de aulas e ter pego essas aulas na distribuição e depois largar, está uma revolta nas escolas.

Outro professor afirmou: “Estão preocupados em quantidade e não em qualidade, vou continuar fazendo meu trabalho com dedicação, mas está difícil”.

A orientação para o fechamento de turmas nas escolas municipais do Brasil, é de que se sigam os critérios estabelecidos pela legislação educacional, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que prevê que o fechamento de turmas deve ser excepcional e justificado por razões pedagógicas, de gestão ou financeiras. Entre os critérios mais comuns para o fechamento de turmas estão:

- Baixa demanda de matrículas em uma turma específica;
- Falta de professores disponíveis para lecionar em determinada turma;
- Necessidade de otimizar a utilização dos recursos financeiros e materiais da escola;
- Melhoria da qualidade do ensino por meio da reorganização de turmas, para que os alunos possam receber uma atenção mais individualizada.

Nossa equipe de jornalismo tentou entrar em contato com a Secretaria de Educação do município de Santo Antônio do Sudoeste, para obter mais informações sobre a situação das escolas e a mudança de horário de aulas, até o fechamento desta reportagem não recebemos retorno.

Continuaremos acompanhando o caso e atualizaremos nossos leitores assim que tivermos novas informações.