Astúrias e Galícia

A sensação de viajar num ambiente místico.

Astúrias e Galícia

Astúrias e uma província linda. Um dos primeiros reinos, e dos mais independente, da formação espanhola. Originário do povo celta, o principado das Astúrias, guarda um patrimônio histórico da maior importância. As mais antigas pinturas rupestre. Também um legado de construções medievais, principalmente na cidade de Oviedo, onde chegamos, no meio da tarde do dia primeiro. A população da Astúrias se concentra no triângulo Avilés, Oviedo e Gijon.

Avilés tem o único projeto do Oscar Niemeyer, no território da Espanha. Le Corbusier, o maior arquiteto francês, equilibrava a sua arquitetura dura e reta nas curvas e generosidade do Oscar Niemeyer, o maior brasileiro. Foi assim na construção da sede da ONU. Salvador Dali também criticava as obras do Oscar, mas dizia que a fazia por falta de modéstia. O projeto Cultural Príncipe das Astúrias em Avilés é integrativo das atividades culturais populares. Um projeto magnífico, mas foi mal executado com desvio em corrupção. Motivando uma má aceitação da comunidade. Todo o esforço de criar um grande atrativo turístico arquitetônico, não atingiu o objetivo, por picuinhas políticas. Confirmando a própria citação do Oscar, de que o mundo pode até melhor, mas o ser humano, não. A obra continua lá, linda e firme no concreto.  Como sinais dos tempos, um jovem casal, usava uma grande parede branca, para o fundo de vídeos sensuais, para a moderna arte, no Tik Tok, e indiferentes a qualquer arte concreta. O Oscar fez esse projeto com a intenção que ele fosse o olho das nações, na ilusão de quem vê, consegue enxergar.

De Avilés partimos para playa Catedrales e chegamos já a noite em La Corunia, na Galícia. A noite estava fechado o museu, Casa do Homem. Aproveitamos para jantar e andar na bela Costa da playa de Orzan, na costa do mar da morte, no extremo norte da Espanha. Dormimos na cidade de Cee e dali o próximo destino era Santiago de Compostela. No caminho, percebemos uma construção linear, feita em pedra, e intrigante pela existência em quase todas as propriedades. Na verdade era um interessante e eficiente secador de produtos.

Santiago de Compostela tem aquela ambientação de decomposição. Eu sou deficitário do patrimônio do metafísico, mesmo assim consigo ouvir o grito dos aflitos, a caminhar e procurar se encontrar neste lugar. Não é fácil se libertar porque em geral somos prisioneiros de nós mesmos. Eu não tenho crença, mas é possível sentir a presença da esperança que veio de carona e ficou de mudança, abandonado os desiludidos que se apoiaram nas muletas do metafísico. O meu pensamento crítico me deixou pobre de sentimentos místicos e avesso a sacrifício, por isso fui de carro. A pé seria sacrifício desnecessário. O mais pobre sentimento é suficiente pra entender que esse ambiente tem algo diferente, que cativa tanta gente. A vida só acontece em movimento. Mais importante que chegar e se encontrar, saber que foi além, e descobrir que se tem pra quem voltar.