Emigração
Nesta terra houve um tempo que o inverno congelou a primavera. Na Invernia o que floria eram as quimeras, que coloriam e faziam nascer as taperas. Emigrar é o primeiro passo de quem não suportou o cansaço de aguentar a vida na espera. Não há cerca que aguenta segurar um homem mal tratado pela fome. Só não mudam os prisioneiro no cativeiro da falta de atitude.
Emigração é a esperança partindo de mudança por ter cansado da estação da espera, e foi atrás da primavera em outras terras. Mudança é a mola propulsora da evolução. Esta semana eu fui conhecer três locais na Alemanha, de onde saíram os antepassados que foram para o Brasil. Foi muito engraçado pensar que houve um passado no vale do Mosela, esse vale de beleza e prosperidade e imaginar que as pessoas precisaram abandonar e tentar sobreviver noutro lugar.
A localidade de Dorbach/Salmtal é o ponto de partida, e onde levou a vida Walter Jung e a esposa Susanna Margaretha Gueisen, com os filhos, entre eles Mathias Jung, antes de decidir a ir embora para o Brasil (Walter faleceu na viagem). Dorbach é uma localidade que dá a impressão de ter uma população de aproximadamente 1000 pessoas. Passeando pelo povoado é possível observar vestígios de um passado difícil. A família Jung abandonou esse lugar e foi morar na Picada Feijão, município de Ivoti RS.
A Família de Stephen Braun, o emigrante e seus pais Johann Eberhard Braun e Anna Gertrud Bohn eram moradores da cidade de Monzelfeld, hoje distrito pertencente a comuna da lindíssima cidade de Bernkastel-Kues. Monzelfeld fica na colina a aproximadamente 2 km do rio Mosela. Monzelfeld é um povoado pacato com uma população de aproximadamente 2 mil habitantes. Stephan Braun no Brasil passou a se chamar Estevão Braun e foi construir sua vida no município de Santa Cruz do Sul, RS.
Johann Zimmer, o emigrante, era Luxemburguês. Casado com Elizabeth Classen que migraram para o Brasil com 6 filhos, entre eles Michael Zimmer, e foram morar na localidade de Moro Canastra, nomunicípio de são Vendelino RS. Johann Zimmer era filho de Michel Zimmer e neto de Mathias Zimmer nascidos e residentes na comuna de Trier. Trier é a mais importante cidade do Valle do Rio Mosela. A mais antiga da Alemanha e uma das mais importantes da história.
Há um rio em mim e a minha natureza é de correnteza. Detesto represa e vivo na vazante. Pareceu-me alucinante passear pelo vale do Rio Mosela e vivenciar a experiência crucial na existência e lembrar, ao refletir, que o sangue que corre em minhas veias é o sangue herdado e que voltou comigo para reencontrar esse passado.