03/06/2024 13:43
A vida é um sopro
A vida é um sopro
Melhor falar do Oscar
Eu já nasci com o passado endividado. Não tinha presente mas pela frente eu teria futuro. Meu futuro não foi condenado, mas comprometido. Todos que nascemos pobres ou lesados dos direitos. Mesmo que façamos tudo direito, o melhor que possa ser feito. Mesmo que acreditemos nesta bobagem de meritocracia, vamos continuar nos guiando por miragem na paisagem do sol do meio dia, que arde mas não alumia, queimando a retina de quem não vê, não escuta e nem raciocina sobre a sina de quem nasce pobre provavelmente vai morrer pobre de tanto trabalhar.
Tem muito patriota que me acusa de idiota, só por eu ser globalista. Sou do atacado. Não gosto do varejo e nem do fracionado. Gosto de ficção. Mas na real sou existencialista e racionalista. Arte é um grande ideia traduzida, pintada ou reproduzida numa materialidade, pra quem possa ver, desfrutar e se admirar. Sou amador construtor artesão e pela minha mão a minha casa ficou parecendo a casa do Oscar.
Oscar Niemeyer não tinha ilusão mas a imaginação era arte e era farta. Tudo o que ele arquitetava, desenhava era poesia, ele dizia. Era para que pelo menos os pobres e fudidos pudessem parar e se admirar. Iriam construir mas nunca desfrutar. Não sou patriota mas valorizo o meu país. Conheço todos os estados do Brasil, como bom brasileiro. Um bom pouco da nossa história e da nossa gente, pra não ficar demente ao ponto de gritar mito pra qualquer arruaceiro.
A memória do Oscar, e dos outros grandes brasileiros, eternizado em suas obras, também servem para exemplificar ou pra que possamos valorizar e mostrar para o mundo que também temos do melhor. Em 2014 eu peguei a família e fui a Brasília. Levei eles pra ver na prática o que foi arquitetado pra não ser o que é: a ilha da fantasia. Até o genial Oscar se enganou. Pensou estar levando o progresso para o interior. Os políticos e as negociatas também foram. Mas a arquitetura está lá. Eu também me enganei. Sempre falei que só é artista quando a obra é maior que o sujeito. Mas não tem jeito com o Oscar. O sujeito não é fácil superar.
Também passamos por Ouro Preto, BH. As obras da Pampulha também são de impressionar. O Museu de Niterói é genial, feito com 4 traços riscados num guardanapo. Depois várias obras no RJ. Da praia do Leme a Sapucaí. Dali pra São Paulo. Do Copan ao Ibirapuera. Também é muito show o grafite do Eduardo kobra na fachada do edifício, estampando o Oscar Niemeyer na avenida Paulista. De volta a Curitiba fiquei de olho no museu do olho.
Não importa que o Oscar Niemeyer fosse o melhor do Brasil. Os militares proibiram ele de trabalhar e o exilaram. 20 anos projetando e ensinando arquitetura pelo mundo e para os maiores do mundo. África, Espanha, Paris, Nova York... A irracionalidade e a prepotência são incapazes de aceitar a genialidade. Oscar Niemeyer foi autêntico a vida inteira. Nunca se curvou. Comemorou quando os estados unidos lhe negou um visto por uma questão pessoal. Aceitou como um selo de garantia que nunca se corrompeu. Foi referendado por Lê Corbusier, por sua generosidade. Ganhou o concurso pra fazer o prédio da ONU, em Nova York, mas encaixou o seu desenho no projeto do francês para que ele ficasse bem.
Sonhava com o dia em que as pessoas fossem mais iguais. Sonhava e tentava fazer um país diferente. Voltou para o Brasil e o que encontrou de significante foi o MST e aquela gente lutando por uma terra que lhes deveria pertencer por direito. Mas concordava que a vida é rir e chorar. Sorrir quando dá, pra poder suportar. A vida é um sopro. O capitalismo vai acabar porque é injusto, dizia.
Sobre o Oscar falou Jean-Paul Sartre, Ferreira Goulart, José Saramago e Eduardo Galeano, fulano que sabe o que diz. Podre até raiz é a hipocrisia da burguesia. Babava mas não admitida. O maior gênio do Brasil. O mais representativo do Brasil. O brasileiro mais respeitado no mundo, era um comunista que trabalhou até os 100to e poucos anos.
O que aborrecia o Oscar Niemeyer era a mediocridade ativa: 'É preciso explicar tudo'. Sorte dele que morreu cedo. Não iria suportar a irracionalidade passiva: agora não adianta tentar explicar.
Melhor falar do Oscar
Eu já nasci com o passado endividado. Não tinha presente mas pela frente eu teria futuro. Meu futuro não foi condenado, mas comprometido. Todos que nascemos pobres ou lesados dos direitos. Mesmo que façamos tudo direito, o melhor que possa ser feito. Mesmo que acreditemos nesta bobagem de meritocracia, vamos continuar nos guiando por miragem na paisagem do sol do meio dia, que arde mas não alumia, queimando a retina de quem não vê, não escuta e nem raciocina sobre a sina de quem nasce pobre provavelmente vai morrer pobre de tanto trabalhar.
Tem muito patriota que me acusa de idiota, só por eu ser globalista. Sou do atacado. Não gosto do varejo e nem do fracionado. Gosto de ficção. Mas na real sou existencialista e racionalista. Arte é um grande ideia traduzida, pintada ou reproduzida numa materialidade, pra quem possa ver, desfrutar e se admirar. Sou amador construtor artesão e pela minha mão a minha casa ficou parecendo a casa do Oscar.
Oscar Niemeyer não tinha ilusão mas a imaginação era arte e era farta. Tudo o que ele arquitetava, desenhava era poesia, ele dizia. Era para que pelo menos os pobres e fudidos pudessem parar e se admirar. Iriam construir mas nunca desfrutar. Não sou patriota mas valorizo o meu país. Conheço todos os estados do Brasil, como bom brasileiro. Um bom pouco da nossa história e da nossa gente, pra não ficar demente ao ponto de gritar mito pra qualquer arruaceiro.
A memória do Oscar, e dos outros grandes brasileiros, eternizado em suas obras, também servem para exemplificar ou pra que possamos valorizar e mostrar para o mundo que também temos do melhor. Em 2014 eu peguei a família e fui a Brasília. Levei eles pra ver na prática o que foi arquitetado pra não ser o que é: a ilha da fantasia. Até o genial Oscar se enganou. Pensou estar levando o progresso para o interior. Os políticos e as negociatas também foram. Mas a arquitetura está lá. Eu também me enganei. Sempre falei que só é artista quando a obra é maior que o sujeito. Mas não tem jeito com o Oscar. O sujeito não é fácil superar.
Também passamos por Ouro Preto, BH. As obras da Pampulha também são de impressionar. O Museu de Niterói é genial, feito com 4 traços riscados num guardanapo. Depois várias obras no RJ. Da praia do Leme a Sapucaí. Dali pra São Paulo. Do Copan ao Ibirapuera. Também é muito show o grafite do Eduardo kobra na fachada do edifício, estampando o Oscar Niemeyer na avenida Paulista. De volta a Curitiba fiquei de olho no museu do olho.
Não importa que o Oscar Niemeyer fosse o melhor do Brasil. Os militares proibiram ele de trabalhar e o exilaram. 20 anos projetando e ensinando arquitetura pelo mundo e para os maiores do mundo. África, Espanha, Paris, Nova York... A irracionalidade e a prepotência são incapazes de aceitar a genialidade. Oscar Niemeyer foi autêntico a vida inteira. Nunca se curvou. Comemorou quando os estados unidos lhe negou um visto por uma questão pessoal. Aceitou como um selo de garantia que nunca se corrompeu. Foi referendado por Lê Corbusier, por sua generosidade. Ganhou o concurso pra fazer o prédio da ONU, em Nova York, mas encaixou o seu desenho no projeto do francês para que ele ficasse bem.
Sonhava com o dia em que as pessoas fossem mais iguais. Sonhava e tentava fazer um país diferente. Voltou para o Brasil e o que encontrou de significante foi o MST e aquela gente lutando por uma terra que lhes deveria pertencer por direito. Mas concordava que a vida é rir e chorar. Sorrir quando dá, pra poder suportar. A vida é um sopro. O capitalismo vai acabar porque é injusto, dizia.
Sobre o Oscar falou Jean-Paul Sartre, Ferreira Goulart, José Saramago e Eduardo Galeano, fulano que sabe o que diz. Podre até raiz é a hipocrisia da burguesia. Babava mas não admitida. O maior gênio do Brasil. O mais representativo do Brasil. O brasileiro mais respeitado no mundo, era um comunista que trabalhou até os 100to e poucos anos.
O que aborrecia o Oscar Niemeyer era a mediocridade ativa: 'É preciso explicar tudo'. Sorte dele que morreu cedo. Não iria suportar a irracionalidade passiva: agora não adianta tentar explicar.