Organismo
O cérebro é bom, assim como é o coração. E o fígado que trabalha dobrado, é injustiçado. Razão e pulsação num ritmo perfeito, pra levar o sujeito na melhor direção. Todo mundo que 'tem coração', é bom. Mas taí o cérebro pra fazer uma reflexão sobre a moral e a necessidade do bem e do mal na estruturação da atual sociedade liberal.
Nada mal ser racional e não crer na banalidade do mal, onde todo mundo do bem têm razão. Melhor dizer que vivemos numa sociedade do ter, onde quem não tem, não é ninguém. Quem têm, tem sucesso e quem não têm é punido com um crime embutido no cansaço entupindo os ouvidos com o fracasso. Quem têm mais é mais ouvido, admirado, respeitado, temido... E fala em nome de quem não têm também.
Temos uma constituição de sociedade estruturada em instituições que 'dão' sustentação ao poder e a propriedade, e não ao cidadão. Um sistema em que os que não tem são a grande maioria que nem se quer tem energia pra fazer o cérebro funcionar. Não é que o pobre não tem coração. Anormal é essa multidão de cérebros irracionais, sonhando que é trabalhando que todos vão ter.
Não é que não temos corações e que o nosso cérebro é banal. É que o negócio do capital é tão racional e bem aparelhado pra sustentar essa cantilena, que a multidão se apequena, e fica até constrangida em duvidar deste sistema. Na farsa da meritocracia, 1% da população têm o que 99% precisam, dizia Joseph Stiglitz.