Desterrados
O tempo, espaço e a experiência congelado e registrado num retrato. Essa era a arte de Sebastião Salgado. Registrar, revelar, mostrar e sensibilizar. Exerceu com maestria a sua arte e cidadania. Foi perseguido pela ditadura militar. Morreu esta semana. O maior e mais famoso fotógrafo brasileiro. Sebastião Salgado partiu, mas deixou registrado o seu legado. Uma obra incalculável. Entre suas obras está a grandiosa 'Desterrados'. Desterrados é um apanhando de imagens reveladoras da miséria das pessoas que são arrancados, despejados ou despojados da sua terra. Engajado em mostrar pra quem quiser ver a necessidade e a grandiosidade do MST. Revelando em Sebastião Salgado um genial artista de relevância, que revelou belezas e mazelas por todo o planeta Terra.
Nascido e criado em Aimorés, no vale do Rio Doce. Viveu na roça degradada de onde saiu para estudar e aprender a se indignar. Viajou o mundo para fotografar as belezas da natureza, tristezas e tragédias da desumanidade. Para depois voltar e recuperar a terra e sua vegetação. Compreendeu que o ser humano não tem recuperação. Essa foi a maior frustração.
Quando eu encontrei Bodo Bost, um grande historiador Luxemburguês, o que ele fez, foi me dar um aula sobre o MST, um grande movimento e exemplar. Aprendeu falar português e veio seis vezes para estudar esse grande movimento. A ditadura militar fez expulsar ou exilar os melhores brasileiros. Oscar Niemeyer, arquiteto genial e provavelmente o maior brasileiro, ao voltar depois de ficar 20 anos exilado, perguntado respondeu, que a única coisa boa que aconteceu, na sua ausência, foi o MST. Oscar Niemeyer projetou o monumento em homenagem ao membro do MST, Antônio Tavares, assassinado pela polícia militar ao chegar aqui em Curitiba. O monumento permanece ao largo da BR 277, em Campo Largo.
O MST - movimento dos Sem Terra - que surgiu a 40 anos em Cascavel, o coração do agronegócio de então, se é que o agronegócio teve coração. Poderia aqui apontar os grandes feitos deste movimento. Melhor eu mostrar que o MST é que vai mudar a produção de alimentos. O movimento vai se tornar mais popular. As pessoas vão se conscientizar da necessidade de voltar para a roça e plantar o próprio alimento. A evolução está na roça ao contrário da ilusão das periferias. O mundo civilizado olha com muita simpatia para este Movimento.
Para o cantor com sua voz embargada: 'Ao longo destas porteiras, de sesmarias sitiadas, a ambição de erguer trincheiras, contra o sonho das enxadas'. Ou o poeta que diz: 'Que bom seria se o silo não fosse mesquinho, onde a ganância explora a miséria. Se a lavoura fosse um bem comum e a liberdade não fosse quimera...
Fonte: pesquisa
Autor: Paulo Ademir Braun
Crédito da imagem: Paulo Ademir Braun e Sebastião Salgado
Repórter: Paulo Ademir Braun