A presença de escorpiões em áreas urbanas tem se tornado cada vez mais comum e representa um risco crescente à saúde pública. A proliferação desses animais ocorre durante todo o ano, principalmente em locais que oferecem abrigo e alimento, como terrenos baldios, entulhos, materiais de construção, jardins, lixo acumulado, galerias de águas pluviais e redes de esgoto. A orientação de especialistas é que a população adote medidas preventivas e saiba agir corretamente em caso de picada.
Espécies mais comuns e gravidade do veneno
O Brasil abriga cerca de 160 espécies de escorpiões, mas as que mais preocupam as autoridades de saúde pertencem ao gênero Tityus, especialmente o Tityus serrulatus, conhecido como escorpião-amarelo. Ele é considerado o mais perigoso da América do Sul, devido ao veneno altamente tóxico, que pode causar complicações graves, principalmente em crianças e idosos.
Outras espécies também encontradas no país são o Tityus bahiensis (escorpião-marrom), o Tityus stigmurus e o Tityus obscurus, que podem provocar sintomas menos severos, mas igualmente exigem atenção médica imediata.
Prevenção e cuidados
De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Ministério da Saúde, a prevenção é a forma mais eficaz de reduzir o risco de acidentes. Entre as principais recomendações estão:
Manter quintais, jardins e terrenos sempre limpos, sem acúmulo de lixo, folhas ou entulhos;
Vedar frestas e buracos em paredes, pisos, ralos e portas;
Instalar telas em janelas e ralos de áreas úmidas;
Tampar caixas de gordura e registros quando não estiverem em uso;
Evitar acúmulo de entulhos e restos de construção, como madeiras, telhas e tijolos;
Verificar roupas, sapatos e toalhas antes do uso, especialmente à noite;
Manter o ambiente ao redor das casas livre de baratas e insetos, que são o principal alimento dos escorpiões.
A limpeza e o controle de pragas são medidas essenciais para evitar a aproximação desses animais. Segundo a Fiocruz, os escorpiões são resistentes e se adaptam facilmente a ambientes urbanos, principalmente quando encontram abrigo e alimento disponíveis.
Sintomas e reconhecimento do acidente
A picada de escorpião provoca dor intensa e imediata no local, podendo vir acompanhada de inchaço, vermelhidão e formigamento.
Em casos mais graves, o veneno pode causar náuseas, vômitos, suor excessivo, salivação, agitação, dificuldade para respirar e alterações nos batimentos cardíacos.
Em crianças, o quadro pode evoluir rapidamente para convulsões, sonolência e insuficiência respiratória, exigindo atendimento médico urgente.
Procedimentos de socorro
O Ministério da Saúde e o Instituto Butantan orientam que, em caso de picada, o atendimento médico deve ser imediato, mesmo que os sintomas pareçam leves. Os procedimentos corretos incluem:
Lavar o local da picada apenas com água e sabão;
Não amarrar, cortar ou sugar o local da ferida;
Não aplicar pomadas, álcool, gelo ou qualquer produto caseiro;
Manter a vítima calma e o membro picado em repouso, na altura do coração;
Procurar o serviço de saúde mais próximo, de preferência com disponibilidade de soro antiescorpiônico;
Se possível, levar o escorpião (morto) em recipiente seguro para identificação da espécie.
Tratamento
O soro antiescorpiônico é o único tratamento específico e deve ser administrado em ambiente hospitalar. A Fiocruz ressalta que o medicamento é distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em unidades de referência. O soro neutraliza o veneno e evita a evolução dos sintomas, sendo mais eficaz quando aplicado nas primeiras horas após o acidente.
Um risco que exige atenção constante
Pesquisas do Instituto Butantan apontam que a expansão urbana desordenada, o descarte irregular de lixo e a ausência de predadores naturais favorecem o aumento da população de escorpiões nas cidades. Por isso, as ações preventivas e a conscientização da população são fundamentais.
Cada morador pode contribuir adotando hábitos simples de limpeza e manutenção, que reduzem significativamente as chances de contato com o animal. Em caso de acidente, o atendimento médico imediato é indispensável.
Em caso de picada, procure a unidade de pronto atendimento mais próxima. O tratamento rápido e adequado pode salvar vidas.


Fonte: Instituto Butantan/Ministério da Saúde
Autor: Dani Barbaro
Crédito da imagem: Mídia Sudoeste
Repórter: Dani Barbaro